“A arte dá olhos ao pensamento para ver a transcendência”
K. Jaspers
Hoje, nossa visão tecnológica e atômica do Universo tem uma notável analogia com a visão de Heráclito de Éfeso, que escreveu num de seus fragmentos mais conhecidos “não se pode entrar duas vezes no mesmo rio”, afirmando assim que tudo está em movimento perpétuo no universo. Segundo Hegel, que desenvolveu o método dialético de pensamento a partir de Heráclito sobretudo, este concebeu profundamente o mundo. Hegel disse que Heráclito afirmou o ser como o devir. Em suas palavras: “o Princípio Universal. Este espírito arrojado pronunciou pela primeira vez estas palavras profundas: O Ser não é nada mais que o não ser , nem é menos; o ser e nada são o mesmo, a essência é a mudança...” Pois Heráclito diz ”Tudo flui, nada persiste ou permanece o mesmo”.
Como é sabido, mesmo séculos antes da Dialética ser desenvolvida por Hegel na sua grande LÓGICA, aconteceu um contínuo e acirrado confronto entre a lógica formal clássica e a lógica dialética.
A SINTESE ABSTRATA NA ESTÉTICA
Kandinsky, grande artista cujo centenário comemoramos agora, ao propor sua síntese abstrata na plástica, argumentava contra a figuração na sua teoria, tendo a matemática geométrica como ferramenta e a lógica formal clássica como fundamento. A consequência desse processo todavia estático, na prática e na apreciação das tensões óticas no plano dos objetos estéticos, foi conduzir a situação dos teóricos e artistas ao Caos, à filosofia do absurdo conceitual.
A VISÃO DIALÉTICA NA ESTÉTICA
O suporte no objeto estético plano ou as estruturas em outras variações mais complexas, como na arquitetura e escultura consideradas como fenômenos estéticos se definem na ação, como campos de forças onde as formas se alternam seguindo os impulsos mentais do artista, vetores de sua energia que transformam as esquinas das formas obtidas, no Formado.
A geometria nesta visão em continuo movimento, funciona como andaime para a descoberta, para a revelação de um ideal subjetivo de adequação das partes ao conjunto e de elevada harmonia - o Belo realizado.
Evidentemente essa “práxis ” dialética do artista, exige dele uma aplicação dos princípios da Tese – Antítese e Síntese para analisar as inúmeras formas opostas que surgem no suporte. Este não é um objetivo fácil e exige muito conhecimento, decisão e disciplina.
TRANSFIGURAÇÃO
Como resultado dessa movimentação de formas, que significa um acumulo quantitativo, inclusive das áreas negadas, surge no formado, a temática, a figuração, como uma clara alteração qualitativa que é seguramente o contrário da abstração inicial.
NAVEGAÇÃO METAFÍSICA
Einstein disse que não devemos ter medo da Metafísica. Essa palavra que devemos a Aristóteles e que significa ”ultrapassar a Física”, hoje está em grande evidência, exigindo uma compreensão avançada da nossa integração com o universo. Sabemos que somos cada vez mais virtuais. Assim a estética não pode permanecer em visões sociológicas primárias de comunicação. Há outros instrumentos para essa função.
A transfiguração do abstrato como escopo, remete a compreensão do elemento atávico humano, para a construção da nova figura e à mediação dialética da atual nuvem metafisica dos três circuitos - Retificação, Oscilação e Amplificação que formam a base de todas as milhares de combinações possíveis, na incrível movimentação universal dos elétrons.
CONCLUSÃO
Picasso afirmou com toda razão, que não existe cronologia na arte. De fato, o sorriso de Nefertiti continua com seu mistério e encanto, mesmo ao lado das belas que ele pintou. Grande invenção do homem, a estética fez André Malraux afirmar: “... a arte é o maior referencial da própria arte.”
Navegar na cintilante nuvem metafísica e num certo sentido – desafiar Heráclito e Hegel na dialética, congelando o movimento num belo e forte objeto estético, esse é o desafio para os verdadeiros artistas.
Alcy Xavier
2011
DIALECTIC OF THE TRANSFIGURED ABSTRACT
"art gives eyes to thought to see the transcendence”
K. Jaspers
Today, our technologycal and atomic vision of universe has a striking analogy with the vision of Heraclitus from Ephesus, who wrote in one of his best known pieces "one can not step twice into the same river," thus affirming that everything is in perpetual motion at universe. According to Hegel, who developed the dialectical method of thought from Heraclitus above all, he profoundly conceived this world. Hegel said that Heraclius affirm to be as the becoming. In his words: "Universal Principle.” This bold spirit spoke for the first time these profound words: To be is nothing more that is not to be, nor is it less, to be and nothing are the same, the essence is change.
...Then Heraclitus says," Everything flows, nothing persists or remains the same. "
As is known, even centuries before the dialectic be developed by Hegel in his great LOGIC there was a continuous and bitter confrontation between the classical formal logic and dialectical logic.
ABSTRACT SYNTHESIS IN AESTHETICS
Kandinsky, great artist whose centenary we celebrate now, by proposing its abstract sitnthesis in aesthetics, argued against the plastic figuration with geometric mathematics as a tool, and the classical formal logic as the foundation. The consequence of this process but still, the practice and appreciation of the tensions in the optical plane of aesthetic objects, the situation was leading theorists and artists to Chaos, the conceptual philosophy of the absurd.
DIALECTICAL VIEW IN AESTHETICS
The support plan or the aesthetic object and structures in other more complex variations, as in architecture and sculpture considered as aesthetic phenomena are defined in the action, such as force fields where the alternate forms following the artist's mental impulses, vectors of its energy turn the corners of the forms obtained in the graduate.
The geometry of this vision in continuous motion, acts as scaffolding for discovery, for the revelation of an ideal subjective adequacy of the parties to the whole and high-harmony - the Beautiful performed.
Of course this 'praxis' dialectic of the artist, it requires an application of the principles of Thesis - Antithesis and Synthesis to examine the numerous ways that arise in the opposite bracket. This is not an easy goal and requires a lot of knowledge, decision and discipline.
TRANSFIGURING
As a result of moving forms, which means an accumulation of quantity, including the denied areas, appears in the formed, subject matter,a figuration, as a clear qualitative change that is surely the opposite of the initial abstraction.
METAPHYSICS NAVIGATION
Einstein said that we should not be afraid of Metaphysics. This word that we owe to Aristotle and which means "Overcoming Physical," is much in evidence today, requiring an advanced understanding of our integration with the universe. We know that we are increasingly virtual. So the aesthetics can not remain in primary sociological visions of communication. There are other tools for this function.
The transfiguration of the abstract as scope, refers to human understanding of the atavistic element for the construction of the new figure and the dialectical mediation of the current cloud of metaphysics three circuits - Rectification, Amplification and Oscillation that form the basis of all the thousands of possible combinations, the incredible universal movement of electrons.
CONCLUSION
Picasso said quite rightly that there are not chronology in art. In fact, the smile of Nefertiti continues with its mystery and charm, right beside the beautiful that he painted. Great invention of man aesthetics did André Malroux affirm;
" Art is the highest reference of art itself;"
Browse the shimmering cloud and in a metaphysical sense - challenging the dialectic in Hegel and Heraclitus, freezing the motion in a beautiful and strong aesthetic object, this is the real challenge for artists.
Alcy Xavier
2011
De outro lado, apesar de respeitar a pesquisa de Kandinsky, seu colega na Bauhaus, Paul Klee considerava os quadros como construções e os elementos geométricos abstratos como andaimes.
VETORES DE RONES DUMKE

Com uma obra respeitada desde o início surrealista, pelo excelente desenho e uma autêntica erudição na história da arte, abrangendo o ético e o atávico, sua presença nestes modelos, incorpora a ampla imaginação onírica e poética do artista.
O quadro “Os vulnerários de Medéia” apresenta uma dialética importante entre os vetores decididamente abstrato-geométricos que agora já se integram ao movimento muito visível da figura, estranho e significativo perfil de uma bruxa medieval.
Esta síntese de contrários no elemento estético acentua o valor da bela obra de Rones Dumke e seu empenho na trilha do abstrato transfigurado.
Esta síntese de contrários no elemento estético acentua o valor da bela obra de Rones Dumke e seu empenho na trilha do abstrato transfigurado.
VECTORS
Rones of Dumke
With a work-respected since the early surrealist, the excellent design and an authentic scholarship in art history, covering the ethical and atavistic, its presence in these models, incorporates the vast dreamlike and poetic imagination of the artist. The table "The vulnerary of Medea" presents an important dialectic between the vectors decidedly abstract-geometric now that is very visible part of the movement of the figure, strange and meaningful profile of a medieval witch. This synthesis of opposites in aesthetic element enhances the value of Rones beautiful work of Dumke and his commitment to the abstract transfigurad track.
LUMINOSIDADES NO RIO - Augusto de Almeida
Esta peça é um sensível exemplo do abstrato transfigurado. Muito hábil na técnica do Sumiê oriental, e mostrando ótimo desenho em seu site no Artslant na Internet, o pintor paulista aplica a rica disciplina Zen nos seus trabalhos. Neles está presente a difícil “pincelada osso”, aquela que vem carregada com a energia do corpo disciplinado através do braço, após muita meditação.
Augusto de Almeida articula com simplicidade as manchas claras, deixando para as escuras a sugestão de distância entre as margens do rio, que agora, já pensamos e descobrimos iluminado na paisagem sugerida. Belo modelo!
CASAS E RUAS METAFÍSICAS - Mário Rubinski

Augusto de Almeida articula com simplicidade as manchas claras, deixando para as escuras a sugestão de distância entre as margens do rio, que agora, já pensamos e descobrimos iluminado na paisagem sugerida. Belo modelo!
CASAS E RUAS METAFÍSICAS - Mário Rubinski

Foi Adalice Araujo, com seu conhecimento e sensibilidade, quem destacou essa motivação profunda na obra de Rubinski, ótimo pintor - sangue e classe - de sua querida Curitiba européia. Aqueles que sintonizam com essa pintura, com as belas casas e ruas sem tempo ou dimensões, compreendem sua transcendência para os mundos possíveis.
Mário Rubinski transforma os planos abstratos, estáticos e dinâmicos necessariamente frios e matemáticos, em casas singelas e ruas felizes na recordação das aconchegantes e reais casas de madeira.
Cleópatra - Alcy Xavier

Mário Rubinski transforma os planos abstratos, estáticos e dinâmicos necessariamente frios e matemáticos, em casas singelas e ruas felizes na recordação das aconchegantes e reais casas de madeira.
Cleópatra - Alcy Xavier

DIALÉTICA DO ABSTRATO TRANSFIGURADO
Primeiro momento:
Após uma navegação metafísica através dos contornos da forma, surge o formado na mente.
Primeiro momento:
Após uma navegação metafísica através dos contornos da forma, surge o formado na mente.
Segundo momento:
As articulações das linhas revelam os contornos graciosos de Cleópatra, uma linda, misteriosa e histórica mulher.
Agora a tela é o contrário dos impulsos abstratos iniciais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário